A fé: crendice ou superstição?

Distingamos entre fé, crendice ou superstição.

A fé é um ato da razão, faculdade nobre, que toma consciência de que a verdade não acaba quando acaba o alcance do intelecto; por isso, diz sim ao invisível devidamente credenciado.

A fé, portanto, não é um ato cego, meramente sentimental, mas é a expressão da racionalidade do homem que se aplica ao ser mais digno. Ela se baseia em credenciais, que lhe indicam por que crer nisso ou naquilo.

A fé se segue a uma investigação movida pela inteligência. A propósito, o Papa João Paulo II, em sua Encíclica Fides et Ratio (A fé e a razão) nos propõe o seguinte:


A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio.

Já a crendice e superstição, ao contrário da fé, é que são atitudes cegas, derivadas do senso religioso inato do homem, mas desligado da razão; esta é o crivo para distinguir o que merece ser acreditado e o que não merece. Todavia, mesmo deficiente como é, a crendice atesta o senso religioso inato em todo homem; este é, como agulha magnética, agitado enquanto não repousa no norte que o atrai, que é Deus.

Deus permanece invisível e não bate à porta do escritório do homem. na verdade, Deus permanece invisível aos olhos do corpo, mas é patente aos olhos da mente. Sim, pode-se provar a existência de Deus sem apelar para a fé.

A razão atinge Deus como grande relojoeiro que fabricou este munto, comparável a um relógio, pois não existe relógio sem relojoeiro. Quanto mais a ciência progride, tanto mais ela desvenda as maravilhas da criação, assim Deus dá sinais de si.


Artigo baseado no Curso Sobre Problemas de Fé e Moral da Escola Mater Ecclesiae, fundada por Dom Estêvão Tavarez Bittencourt, OSB. Material esse que é base dos encontros de estudo do Grupo de Estudos Joseph Ratzinger.

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