Santidade, por Bento XVI

Hoje a Igreja Católica celebra a Solenidade de Todos os Santos.
Não poderíamos ter escolhido data melhor para o Simpósio do Grupo de Estudos Joseph Ratzinger, que aconteceu no Cenáculo das 14 às 19hs de hoje. Fotos estão disponíveis no meu perfil no Facebook. Mas vamos ao artigo:

Sede santos, porque eu sou santo. (Lv 11,44)

São Pedro, na sua primeira epístola, fez essa citação do Antigo Testamento, nos invocando à santidade.
Ninguém melhor do que o Papa bento XVI para nos explicar de maneira tão completa, e ao mesmo tempo tão simples, o que é e como se alcançar essa santidade que Simão Pedro alcançou. Basearei esse artigo resumindo uma catequese do Santo Padre, o texto na íntegra pode ser lido aqui.

As pessoas geralmente pensam que a santidade é uma meta reservada a uns poucos escolhidos. São Paulo, no entanto, fala do grande projeto de Deus e diz: "Nele (Cristo), Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e íntegros diante dele, no amor" (Ef 1,4). E fala de todos nós.

A santidade, a plenitude da vida cristã, não consiste em realizar empresas extraordinárias, mas na união com Cristo, na vivência dos seus mistérios, fazendo nossas as suas atitudes, pensamentos, comportamentos. A medida da santidade é dada pela altura da santidade que Cristo alcança em nós, daquilo que, com o poder do Espírito Santo, modelamos da nossa vida segundo a sua.

Então, como podemos trilhar o caminho da santidade, responder a este chamado? Posso fazer isso com as minhas forças? A resposta é clara: uma vida santa não é primariamente o resultado dos nossos esforços, das nossas ações, porque é Deus, três vezes Santo (cf. Is 6, 3), que nos torna santos, e a ação do Espírito Santo, que nos anima a partir do nosso inteiro, é a própria vida de Cristo Ressuscitado, que se comunicou a nós e que nos transforma.

O Concílio Vaticano II nos diz que a santidade não é outra coisa senão a caridade vivida plenamente. "E nós, que cremos, reconhecemos o amor que Deus tem para conosco. Deus é amor: quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus permanece nele" (1 Jo 4,16).

Talvez devêssemos dizer as coisas de uma maneira ainda mais simples. O que é o mais essencial?

Essencial é não deixar jamais um domingo sem um encontro com Cristo Ressuscitado na Eucaristia; isso não é um fardo, mas a luz para toda a semana. Não começar nem terminar jamais um dia sem pelo menos um breve contato com Deus. E, no caminho da nossa vida, seguir os "sinais do caminho" que Deus nos comunicou no Decálogo lido com Cristo, que é simplesmente a definição da caridade em determinadas situações.

Penso que esta é a verdadeira simplicidade e grandeza da vida de santidade: o encontro com o Ressuscitado no domingo; o contato com Deus no começo e no final do dia; seguir, nas decisões, os "sinais do caminho" que Deus nos comunicou, que são apenas formas da caridade. Daí que a caridade para com Deus e para com o próximo sejam o sinal distintivo de um verdadeiro discípulo de Cristo. (Lumen Gentium, 42). Esta é a verdadeira simplicidade, grandeza e profundidade da vida cristã, do ser santos.

E eu gostaria de acrescentar que, para mim, não só os grandes santos que eu amo e conheço bem são "sinais no caminho", mas também os santos simples, ou seja, as pessoas boas que vejo na minha vida, que nunca serão canonizadas. São pessoas normais, por assim dizer, sem um heroísmo visível, mas, na sua bondade de cada dia, vejo a verdade da fé. Essa bondade, que amadureceram na fé da Igreja, é a apologia segura do cristianismo e o sinal de onde está a verdade.

Não tenhamos medo de dirigir o olhar para o alto, em direção às alturas de Deus; não tenhamos medo de que Deus nos peça muito, mas deixemo-nos guiar, em todas as atividades da vida diária, pela sua Palavra, ainda que nos sintamos pobres, inadequados, pecadores: será Ele quem nos transformará segundo o seu amor. Obrigado.

Bento XVI
Vaticano, Audiência Geral, 13 de abril de 2011.

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